sábado, 29 de janeiro de 2011

Algo mais

Você ja acordou de manhã e sentiu os pensamentos de uma vida inteira passarem em seus olhos e você fica ali, quase sempre deitado, pensando nos feitos e desfeitos da vida, nos lembramos de esquecer de coisas inúteis, mas que estão sempre ali te perturbando no inicio de manhã ou no inicio das noites, no sim de um silêncio feito por nós mesmos, no vagar de nostálgias e sentimentos, sonhos não realizados e que a gente pelo menos pensa que ainda serão!

   Garota incrível, seu cabelo longo e cacheado, cintura linda, longas pernas, quero dizer, uma modelo pra mim e para o mundo, quase que me enlouquecia em seus braços, me afogava em sua boca, sorriso aberto, contente que sempre dizia a verdade, sempre sabemos quem nos faz feliz e porque, disso temos certeza quando encontramos esse alguém. Corria campos e perfumes com ela, vivia amores e vaga-lumes que enfeitavam a noite de verde, nem me toquei de tudo aquilo que somos capazes, sem perguntas, sem aquela pressão ou arrependimento que faltava por ainda te-la e por querer-la todos os dias comigo na sua cama ou na minha, em abraços leves ou não, fatias de uma vida deliciosa, como um bolo e que bolo ela era, me falava que queria viajar pelo mundo, conhecer novos lugares, novos ares e novos amigos, queria um mundo diferente de tudo já vivido aqui, mas dizia estar feliz, dizia querer sempre mais de mim, sempre mais um pouco do meu toque e do meu calor.

 Um dia a noite resolvemos ir a uma lagoa que tinha ali mesmo no meu bairro e bem perto do meu apartamento, em algum lugar por ali rolava um rock n´roll, algo como Gun´s seguido de Led, acho que era isso, não prestava tanto atenção na música, pra que prestar atenção em um som quando a garota perfeita dança pra você a sua frente e ainda te olha com um sorriso lindo, conversava-mos e dançamos, fomos parar no meu quarto, podia ver em seus dedos a habilidade de enrrolar  um certo papel branco com uma planta seca dentro, maconha. Sim, a melhor de todas as drogas para viajar no tempo, isso ela dizia enquanto me oferecia e me envolvia com sua voz e seu jeito de me levar a fazer suas coisas. Curti com ela cada momento naquela noite, bebemos muito e fumamos mais e mais até que a fome veio e saímos no carro para comprar um lanche.

 Ouvi um estrondo, vi uma luz, coisas fora de seus devidos lugares, e arrependimento era a palavra chave da minha vida,  eu sabia que era culpa minha e sabe aquilo que te corroe de manhã quando nos arrependemos? Foi aí que começou, o tempo se passou e a minha bela se foi, talvez algum dia em algum lugar a gente se veja..!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Das falsas intenções

Meu nome era Pedro, pelo menos era isso o que a Marcela pensava, para a Sandra eu era o Caio, para a Alina o Alex, muitos nomes para pouca vida, diversão era a palavra chave do meu mundo, me chame para sair e curtir uma noite regada a garotas e álcool e o portal para meu universo estaria aberto.

O dono do bar da esquina nem me cumprimentava a espera de um nome novo, uma vida nova com minhas ilusões grátis a quem quer que seja, a alguém que queira e sinta a vontade comigo, era só ser a pessoa certa na hora certa, o homem certo para a mulher errada, ela sim achava que eu era a pessoa certa para a mulher certa, mas de que isso importa para mim? Acho que nada.

Quatro de Setembro de dois mil e dez, era aproximadamente oito da noite e eu me lembro de viajar no corpo daquela garota, logo cheguei e me apresentei, precisava de um nome, isso era certo, então logo que sentei a sua frente não tive dúvidas do quanto aquela mulher era linda, não parecia estar tão a fim do que eu tinha pra dizer, mas me observou atenta enquanto eu dizia que me chamava Paulo, ela sorriu e se apresentou, seu nome era Clara, linda ela, com olhos azuis e cabelo longos e pretos, começamos a conversar até que ela me levou para o seu apartamento, nos conhecemos em meio a garrafas de vinho e algumas latas de cerveja, me puxou em meio a sua voz calma e atraente e me jogou na cama...

Dias e dias se passaram, a Clara me passou o número do celular que eu jurava ter salvo em minha agenda, maldita agenda aquela, só se fosse na minha mente mesmo, e eu sabia que bêbados não tem boa memória, realmente me senti um idiota por não ter salvo seu número, então resolvi ir ao boteco da esquina, um local bom para afogar lembranças e medos, ao entrar lá estava a Clara sentada no balcão com um homem, fiquei observando por um tempo e decidi me sentar em uma mesa no canto mais escuro do bar, o homem logo se virou para ela e a chamou, eu poderia estar louco, mas eu sei que ouvi ela ser chamada por ele de Flávia e no mesmo gesto sensato pude ouvir quando ela a chamou para ir a seu apartamento.

Clara, minha Clara, quais tolas são essas falsas intenções, sabia que esse era o nome dela, a mulher que mexeu comigo como nunca se chamava Clara, é claro que apenas para mim esse era o seu nome!

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sub-verdade amorosa

Segunda-feira e chuva, combinação perfeita para ficar horas na frente da TV, um quarto mau iluminado e roupas esparramadas pelo chão da sala, podia notar a porta da geladeira aberta alguns centímetros, era difícil notar, mas não pra mim, ali no sofá ouvindo os ruídos da tela vazia, quer dizer... vazia nem tanto, rabiscos sem formas tomavam a TV mas pouco me importava o que ali havia, parado feito uma estátua de cera eu via a luz que passava pela pequena fresta da geladeira e meu cérebro quase que paralisado nesse momento nem se ligou em fechar a porta, e o que importava? Uma conta mais alta eu pagaria, mas não tinha raciocínio nem pra me lembrar de viver, quem me dera o privilégio de me levantar e me postar em frente a geladeira pra fechá-la.
 Antes de mais nada, o nome dela era Ana, sim ela vivia em meu mundo e tomava minhas tardes e me impulsionava ao abismo sem que eu percebesse, mas que precipitação a minha... Onde estávamos? Ah sim, Ana, a garota da casa da frente que apareceu na minha porta com seus pais, novos vizinhos são bem vindos, por que não? Talvez não no caso dela em questão, o campo gravitacional do seus lindos e grandes olhos castanhos me chamava a atenção de forma intensa, eu sem preocupação e sem nenhum tipo de intenção logo a cumprimentei e me apresentei a ela, aos poucos nos tornamos amigos, aqueles tempos de ir para a praça e ficar horas ali sentados não resultaria em outra coisa a não ser em uma grande paixão, eu bem que tentei mas não pude chegar perto, o pai a vigiava de longe como um guarda  e sozinhos mesmos só na internet era possível qualquer tipo de aproximação. Foi aí que tive a idéia mais louca que me levaria ao declive total.

 Sair não seria tão mal, se não fosse para uma have e sozinhos, fugimos e curtimos toda a noite, o tempo nem me importava e logo os amigos nos cobriam e ofereciam coisas novas, novas viagens e novos momentos, ali estávamos nos libertando dessa paranóia de estarmos fugindo e apenas curtíamos o momento, na volta pra casa um beijo, logo com o tempo fui ganhando um sentimento imenso dentro de mim, novas experiências e novas viagens viriam, novos horizontes e fugir era inevitável. 

 Um dia tive a sensação de que ela estava no meu quarto, acho que ela estava lá todos os dias desde sempre mas eu nem me dava conta, só a conheci de verdade aos quinze, ela nunca mudou e afinal eu nem prestava atenção nessas coisas. Quando eu acordei não estava mais no meu quarto, aquela sala branca e pessoas ao meu redor com agulhas, eu estava preso e voltei a cair no sono. 

 Um dia o homem de branco me levou a um local aberto, um jardim imenso e cheio de flores, lá estava Ana, tão linda e alegre, sorrindo para mim, me disse que o mais fácil era fugir com ela, que ficaríamos juntos. Nem pensei, apenas corri e pulei aquele muro, entrei em casa, peguei todo o meu dinheiro e fui para um apartamento, eu e ela caímos juntos no sono, ela dizia estar cansada e falava em ir embora, mas sempre sorria, eu nem dava atenção a isso, achava que era brincadeira e aí então só me lembro de acordar no outro dia. 

 Ana, a menina dos olhos castanhos havia sumido, ela dizia a verdade, foi embora e eu em meio ao desespero corri para a praça, o homem estava lá observando como sempre fazia, dessa vez não estava só, trazia com ele os outros de branco que me seguraram e me levaram de volta ao quarto branco, mais uma dose de algo em minha veia e estava tudo normal, me sentia bem novamente, o tempo se passou, acho que alguns anos, aí sim me deixaram sair, numa segunda-feira de chuva, eu sentado na frente da TV...

 Sabe, aquela luz aberta na geladeira me fez ver que o homem da praça era um tipo de guarda e que ele me vigiava, Ana, minha querida Ana, fico aqui na sala do meu apartamento esperando que você volte, fico pensando, se eu resolver e parar de tomar minhas doses de calma na veia, acho que ela aparecerá novamente e me levará para fugirmos outra vez, isso era certeza, mas antes meus burriscos sem formas na TV e uma luz delirante na cozinha, do que uma alucinação bela e cheia de problemas..!